sexta-feira, 31 de agosto de 2007

José Miguel Júdice, o homem do lixo…

osé Miguel Júdice, em entrevista ao “Diário Económico”…
“Temos de viver com a esquizofrenia dos portugueses, ou então emigrar.”
(…)
“Somos um país muito merdoso.”
Será que não se consegue entrevistar o homem sem que ele se veja ao espelho?
Apache, Agosto de 2007

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Ainda o milho de Silves… (2)

Na sua página na internet, o GAIA (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental) demarca-se (ou talvez não...) do acto de vandalismo praticado pelo “Verde Eufémia” na, Herdade da Lameira, a 17 de Agosto de 2007. No comunicado pode ler-se:
“(…) O GAIA não organizou a acção. Não houve qualquer discussão ou decisão, nem portanto qualquer acta de Reunião Nacional, que desse origem a uma acção assumida pela organização.
O Ecotopia, encontro internacional de activistas, teve lugar em Aljezur de 4 a 19 de Agosto, sendo organizado pelo GAIA e pela EYFA (European Youth for Action), com parceria da Esdime e com o apoio da Câmara Municipal de Aljezur, do Instituto do Ambiente e do Programa Juventude em Acção da União Europeia, tal como de inúmeros cidadãos locais. O GAIA e a EYFA negam qualquer envolvimento na realização da acção de 17 de Agosto. Além disso, a acção não foi assumida pelo colectivo de participantes no Ecotopia, não sendo por isso uma acção do Ecotopia.
O GAIA assume-se como organização proponente de acções directas. (…) O GAIA não realiza acções directas de carácter destrutivo.
(…) O Ecotopia é um encontro que acontece anualmente cada vez num país diferente. A EYFA, em conjunto com uma organização desse país, certifica-se que existe um espaço e infra-estruturas que permitam a realização do evento. No entanto, o Ecotopia é por definição um evento auto-organizado, em que a programação e os métodos de trabalho são propostos e decididos em consenso pelos participantes. Deste modo, o GAIA e a EYFA não se responsabilizam pelos encontros e reuniões que ocorrem no período do evento.
O GAIA não tem conhecimento da ocorrência de reuniões visando o corte de transgénicos na Herdade da Lameira, embora reconheça a ocorrência de reuniões fechadas no Ecotopia. (…) Houve no período anterior ao Ecotopia um apelo a uma acção contra os transgénicos para dia 17 de Agosto da parte do GAIA, de acordo com os parâmetros de acção do GAIA. No entanto, o GAIA não acompanhou o processo que decorreu depois da proposta de acção, e que parece ter sido liderado pelo movimento Verde Eufémia. O GAIA desconhece a origem deste movimento e como se introduziu na dinâmica do Ecotopia.
Daqui se conclui que qualquer participante do Ecotopia presente na acção da Herdade da Lameira agiu a título individual.
(…) O Ecotopia é um evento de grande valor, que envolve pessoas de todas as idades e de todos os continentes, há já 18 anos. Sendo auto-organizado, ensina aos seus participantes a responsabilidade pelo grupo e a emancipação de se tornarem activos tanto nas soluções para o campo como para a sociedade. (…) Apesar de manifestar o seu apoio devido ao impacte final para a discussão do tema dos OGM’s, o GAIA não desenvolve este tipo de acções e não se reconhece na acção de destruição do campo de milho transgénico da Herdade da Lameira em Silves.”
[Os destaques e a correcção dos erros de português, são meus…]
Os factos…
O GAIA surgiu em 1997, fundado por (à data) alunos da Licenciatura em Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa. Ainda hoje, o grupo mantém uma sala reservada para si, no Departamento de Ambiente daquela instituição. Guálter Baptista, o homem que se intitula porta-voz do “Verde Eufémia” é um destacado activista do GAIA há mais de nove anos e foi um dos principais organizadores do “Ecotopia” deste ano.
Os vândalos que participaram na acção de destruição do campo de milho vieram do “Ecotopia” (Aljezur) em autocarros previamente alugados para o efeito.
O GAIA (Organização Não Governamental reconhecida pelo Estado português e pela União Europeia) recebeu (pelo menos até 2006) subsídios do Instituto Português da Juventude. O “Ecotopia” foi organizado com apoios financeiros da União Europeia.
Guálter Baptista, já antes (num passado recente) se intitulou porta-voz dos movimentos: (entretanto desaparecidos de cena), “Os Transgénicos Fora do Prato” e “Caravana dos Espantalhos”. É Licenciado em Engenharia do Ambiente e está a realizar o Doutoramento em Economia Ecológica, é militante do Bloco de Esquerda e foi candidato à Câmara Municipal de Almada, nas listas deste partido, nas últimas eleições autárquicas.
É impressão minha, ou alguém está a tirar o cavalinho da chuva, depois dele se ter molhado até aos ossos?
Apache, Agosto de 2007

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Ainda o milho de Silves…

Se bem se lembram, no passado dia 17, um grupo de “ambientalistas” do movimento “Verde Eufémia” invadiu uma propriedade privada (a Herdade da Lameira), em Alcantarilha, Silves e destruiu cerca de um hectare de milho, com a complacência da GNR local, e com direito a filmagem pelas câmaras de televisão.
Esperei pelas reacções, que diga-se, de um modo geral foram condenatórias face ao acto, e menos não seria de esperar num estado de direito, face à evidente invasão de propriedade e destruição de bens privados. Mas fiquei espantado, como ninguém criticou os grandes responsáveis pelo acto, aqueles que encenaram todo o espectáculo.
Comecemos pelos factos…
Um grupo de pseudo-ambientalistas anunciou previamente que iria proceder a uma “acção de desobediência civil” (palavras dos arruaceiros) destruindo o milho geneticamente modificado que estava plantado na herdade. Vai daí, aguardaram pacientemente a chegada das televisões e procederam ao triste espectáculo. A GNR foi assistindo impávida e serenamente, faltando ainda apurar se terá ou não pago bilhete.
Agora, as minhas dúvidas…
- São sobejamente conhecidas em Portugal, duas herdades com este nome. Uma em Cunheira, Alter do Chão, Portalegre (Alto Alentejo) e, outra em Alcantarilha, Silves (Algarve).
Mas… Afinal, em Silves parece que há duas herdades com este nome, será? Lembram-se do proprietário que apareceu à frente das câmaras desgostoso (e o caso não era para menos) com o sucedido, mas incapaz de pegar num pau ou numa caçadeira e pôr os vagabundos a correr dali para fora. É que a “Herdade da Lameira” de que eu tenho ouvido falar, em Silves, não é uma pequena propriedade individual, viu recentemente aprovado um projecto de construção de dois campos de golfe e pertence ao grupo empresarial “Oceânico”.
- Tendo a GNR conhecimento prévio (e devia tê-lo, pois os órgãos de comunicação social tinham) do que se preparava, que justificação apresenta para nada ter feito para o impedir? - Tendo as televisões conhecimento prévio da acção, como se comprova pela presença atempada no local, avisaram, também atempadamente, como era sua obrigação, as autoridades policiais, pois tratava-se de um acto criminoso?
- Que interesse televisivo tem, destacar uma equipa, para filmar uma acção (não falo da apresentação da notícia com possíveis imagens à posteriori), onde algumas dezenas de vagabundos que nada sabem das vantagens ou desvantagens dos Organismos Geneticamente Modificados, pois nem sequer sabem o que são os mais elementares cuidados de higiene pessoal, destroem propriedade privada?
Apache, Agosto de 2007

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Alberto João Jardim igual a si próprio

No passado Sábado, no tradicional comício de Verão do PSD-Madeira, em Porto Santo, Alberto João Jardim (AJJ), sem papas na língua, foi uma vez mais, polémico quanto baste, ao denunciar a podridão moral do Governo liderado pelo pseudo-engenheiro José Sócrates.
Referindo-se (provavelmente) à recente lei sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), disse:
"Quando se fazem leis contra a vida humana é um precedente que não podemos consentir para, depois, fazerem outros direitos ou se ofenderem outros direitos das pessoas em nome do Estado Absoluto.”
Não me identifico com o populismo de AJJ, em muito, semelhante ao do PM, mas tenho de elogiar (uma vez mais) a coragem de ser politicamente incorrecto chamando os bois pelos nomes.
São conhecidos os “entraves” que AJJ tem colocado à implementação da nova lei da IVG no arquipélago. Reconheço que do ponto de vista legal, não vejo como fugir à implementação da dita, no entanto, não deixo de simpatizar com a oposição que AJJ lhe tem movido. De facto, os seus críticos, acusam-no de ao não ter ainda implementado a Lei, violar a Constituição da Republica Portuguesa (CRP), mas quantas vezes o Governo da República o fez, pelos mais variados motivos. Aliás, recordo uma vez mais que a própria Lei, generalizando a prática da IVG nas primeiras 10 semanas viola claramente a CRP. Mais, não deveria a Madeira, enquanto Região Autónoma beneficiar de uma Lei própria neste tipo de assuntos, de consciência ética e moral do povo? Recordo que o “Sim” obteve na região, 34,56% dos votos validamente expressos, a que corresponde 13% da população madeirense maior de idade. Recordo ainda que, por exemplo, sendo proibidos os toiros de morte em Portugal, foi criada uma excepção legal em Barrancos, que (que eu saiba) não tem autonomia de governo.
Mas Jardim foi ainda mais longe e antecipando-se às mais que prováveis futuras propostas do PS, disparou…
"Querer o casamento de homossexuais e tudo isso que o Governo socialista prepara, essas não são causas, são deboche, são degradação, é pôr termo aos valores que nós portugueses, a nossa alma nacional, tem desde o berço e que os nossos pais nos ensinaram."
Uma vez mais, aparte o populismo do discurso, bem patente na singela linguagem, subscrevo o conteúdo da mensagem.
Enquanto seres humanos, os homossexuais têm os mesmos direitos e deveres que quaisquer outros cidadãos, não fazendo no entanto sentido, que beneficiem de direitos reservados a grupos específicos de cidadãos. O casamento pressupõe, na cultura cristã, com a qual se identifica mais de 90% da população portuguesa, a constituição de família, tal como a adopção de crianças tem por base uma família adoptiva.
Apesar de o Estado evocar uma laicidade aberrante face à cultura da esmagadora maioria da população, não pode nem deve ignorar os valores culturais e tradicionais seculares, bases da nação lusa, “igualando” juridicamente práticas moralmente repulsivas.
Tolerância não é sinónimo de, não discriminação. Se educacionalmente inculco valores de tolerância perante a diferença, em termos legais tenho que defender a descriminação positiva do casamento e da adopção como exclusividade dos heterossexuais.
Apache, Agosto de 2007

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Somos todos iguais, mas…

Segundo a lista dos 100 maiores multimilionários portugueses, elaborada pela revista “Exame”, Belmiro de Azevedo continua a ser o homem mais rico de Portugal, tendo este ano, conseguido aumentar a sua fortuna de 1 779 milhões de euros para 2 989 milhões de euros, correspondendo a 68% de crescimento.
Em segundo lugar, tal como no ano anterior, encontra-se Américo Amorim, agora com uma fortuna avaliada em 2 784 milhões de euros, a que corresponde um acréscimo de 80,5% face ao ano anterior.
José Manuel de Mello mantém-se no terceiro lugar com “pouco mais” de 2 000 milhões de euros, bem à frente do quarto colocado, que para não variar em relação ao ano passado, é ocupado por Horácio Roque, cujo “pé-de-meia” vale aproximadamente mil milhões de euros. No quinto lugar surge a primeira novidade face ao ano transacto (em que ocupava a nona posição), é ocupado pelo “Sr. CCB”, Joe Berardo, cuja fortuna cresceu este ano 62%, valendo actualmente 890 milhões de euros.
A família Teixeira Duarte “saltou” também na tabela, da décima nona para a nona posição, aumentado o seu pecúlio em mais de 110%, valendo actualmente os seus bens, cerca de 702 milhões de euros.
Foram 11 os afortunados que viram os seus nomes constar pela primeira vez no “Top 100”. A entrada para a posição mais elevada, foi protagonizada pela família Rocha dos Santos Vasconcelos, que com uma fortuna avaliada em 312 milhões de euros, se colocou no 21º lugar. Entre os nomes mais sonantes das novas entradas, contam-se: Luís Filipe Vieira (Presidente do Benfica), que com 149 milhões de euros, ocupa o 75º lugar e, Alexandre Relvas (Mandatário da candidatura de Cavaco Silva às últimas presidenciais), que com cerca de 127 milhões de euros, ocupa o 85º lugar.
Somando a fortuna destes cem indivíduos, chegamos à módica quantia de 34 mil milhões de euros, que corresponde (apenas) a 22,1% do PIB. Esta verba chegaria para pagar 14 meses de ordenado (considerando a remuneração média em Portugal) a 4 milhões de portugueses, quase 80% da população activa.
Apache, Agosto de 2007

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Somos todos iguais, mas…

A Galp apresentou (no passado dia 8) as contas do primeiro semestre de 2007, onde se destacam resultados líquidos ajustados (leiam-se lucros) de 285 milhões de euros, um aumento de 71% face a igual período de 2006.
Enquanto isso, o total de impostos pagos pela empresa, diminuiu face a idêntico período do ano transacto, 14 milhões de euros, devido a sucessivos benefícios fiscais concedidos pelo governo. Será a isto que chamam “meter o socialismo na gaveta”?
(Fonte: "Site" da empresa)
Apache, Agosto de 2007

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

A "Caixa negra" de Pandora...

Como se devem recordar, na versão oficial dos acontecimentos do dia 11 de Setembro de 2001, um Boeing 757-200, o voo 77 da American Airlines embateu no Pentágono. Basta uma breve análise das imagens recolhidas após o alegado embate para constatar que é fisicamente impossível que tal tenha acontecido. Ainda assim, o facto de as autoridades terem (supostamente) recuperado uma das (duas) “caixas negras” do aparelho, deixava margem para alguma curiosidade, podendo uma análise cuidada do seu conteúdo, trazer algumas respostas sobre a realidade dos acontecimentos.
Após as habituais batalhas judiciais, a organização “Pilots for 9/11 Truth” conseguiu obter da “National Transportation Safety Board (NTSB)” ao abrigo da Lei “Freedom of Information Act”, não só, cópia das gravações contidas na “caixa negra” como uma animação de computador, produzida pela própria NTSB a partir dos dados recolhidos. A informação lá contida não confirma a versão oficial dos acontecimentos, contrariando-a (entre outros pormenores) em termos de trajectória e altitude do aparelho. De facto, o avião a que pertence esta “caixa negra” sobrevoou o Pentágono, mas não colidiu com ele, e a direcção do seu voo não coincide com a oficial.
Assim, em vez de contribuir para o esclarecimento dos factos, estes novos dados, trazem consigo mais perguntas:
Onde está o avião a que pertence esta “caixa negra”, bem como a outra caixa “gémea” desta?
Que missão tinha este avião que o levou a sobrevoar o Pentágono a baixa altitude, no dia dos trágicos acontecimentos?
Mantêm-se sem resposta muitas outras questões anteriores, tais como:
O que colidiu com o Pentágono?
Onde estão: o Boeing, a sua tripulação e os alegados passageiros?
Apache, Agosto de 2007

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Portela + 0 (2)

Afinal, parece que não sou o único…
João Ribeiro da Fonseca, que durante 16 anos liderou a Portugália Airlines (a empresa que (durante 7 anos) de 2000 a 2006 foi considerada a melhor companhia aérea regional da Europa), diz que a Portela não está esgotada.
O homem que deixou a presidência da Portugália (PGA) à pouco mais de um mês, na sequência da venda desta à TAP, em entrevista ao Diário Económico, teceu duras críticas à forma como está a ser abordada a questão do novo Aeroporto Internacional de Lisboa.
Ribeiro da Fonseca fala sem rodeios do novo “terminal 2”, inaugurado na passada 4ª feira, e da Portela. “É mais uma obra de aparente melhoria do aeroporto que falhará os seus objectivos. A obra está mal pensada, como de resto todo o aeroporto, e não vai ajudar a descongestionar quase nada. Só serve para acomodar a posição fechada do Governo, de que a Portela está esgotada e que é preciso fazer a Ota. Isso é completamente falso.”
Em relação ao ministro Mário Lino, Ribeiro da Fonseca também não se fica por meias palavras. “Chamou-me uma só vez, na véspera da apresentação do aeroporto da Ota. Eram 19 horas quando me recebeu. Não houve tempo para nada. Julgo que o convite serviu apenas como medida de cosmética, para manter as aparências. Assim, ninguém poderia dizer que eu, presidente da PGA, não tinha sido consultado. Na verdade, os instantes em que estive com ele foram inúteis, estava tudo decidido. A minha presença servia apenas para matar qualquer acusação futura.”
E continua em tom cáustico…
“O assunto é grave. Tem havido um movimento de manipulação da opinião pública, no sentido da inevitabilidade da Ota. Para chegarmos à conclusão que a Portela vai esgotar-se nos próximos anos, seria preciso demonstrá-lo. Como? Simples, com um estudo sobre a Portela. Ora, a não ser que exista um estudo secreto, na realidade nunca foi avaliada a optimização da Portela. Nunca!”
De facto, se a Portela parece estar esgotada, tal só pode dever-se a uma má gestão do espaço físico e dos equipamentos disponíveis. No “post” intitulado “Portela + 0”, já tinha tentado demonstrar, por comparação com Kai Tak, que a Portela, sendo bastante maior (tanto em área total, como em comprimento de pistas) e tendo mais corredores aéreos, não pode estar esgotada, recebendo diariamente menos de metade dos passageiros e da carga do citado aeroporto. Acresce o facto de haver possibilidade de expansão da Portela para os terrenos actualmente pertencentes a “Figo Maduro”.
É bom sabermos que mesmo “pregando no deserto” não estamos a falar sozinhos.
Apache, Agosto de 2007

domingo, 5 de agosto de 2007

Nikola Tesla, O Mágico da Electricidade… (6)

Decorria o ano de 1917, os Estados Unidos participavam na Primeira Guerra Mundial e Tesla (aparentemente preocupado com as baixas provocadas pela guerra) ocupa-se de mais uma invenção, a que chamou “Raio Explorador”. O engenho permitia, através do envio e recepção de ondas electromagnéticas, detectar à distância, a posição exacta dos veículos inimigos. Mais uma vez, os militares ignoraram a sua proposta. Curiosamente, o “Radar” (assim rebaptizado na segunda metade dos anos 30) ajudaria à vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial.
A destruição do Wardenclyffe Tower, que operava conjuntamente com outro laboratório que Tesla construiu em Long Island, a Telefunken Wireless Station, dá-se precisamente em 1917, por alegadamente, a segunda, ser usada pelos alemães para espionagem. A torre tinha sido construída em parceria com a emissora de rádio alemã (Telefunken) que iniciara emissões (na Alemanha) em 1903.
Por esta altura Tesla manifesta publicamente outra rara doença, diagnosticada como sendo “Transtorno Obsessivo-Compulsivo”. A partir desta data surgem com frequência na imprensa várias acusações de insanidade. Tesla era um homem de poucas mas corrosivas palavras e o facto de se ter tornado vegetariano, de ser um crítico da “Sociedade das Nações” criada no final da Primeira Guerra Mundial, de prever que no futuro a sociedade seria dominada (no topo hierárquico) pelo sexo feminino, entre outros, politicamente incorrectos (à época) contribuíram significativamente para a generalização do boato de que o inventor enlouquecera.
Em 1928 Tesla registou a sua última patente, um “avião de descolagem vertical”.
Outro facto que contribuiu para a descredibilização de Tesla foi ter criticado publicamente Albert Einstein. Ambos procuravam uma teoria que juntasse as quatro forças fundamentais do universo, a gravítica, a electromagnética, a nuclear forte e a nuclear fraca. Einstein conseguiu a sua maior aproximação com a “Teoria da Relatividade” (Geral e Restrita) que Tesla disse (aparentemente com alguma razão) ser plagiada de trabalhos anteriores do compatriota, Ruder Boskovic. Nikola, por seu lado, afirmou tê-lo conseguido, na sua “Teoria do Campo Unificado”, obra nunca publicada, onde Tesla conclui ser a gravidade causada por forças electromagnéticas, sendo as forças nucleares, também elas forças electomagnéticas. Tesla acompanhava os trabalhos e subscrevia-se com vários físicos quânticos de renome.
Os últimos anos da sua vida foram passados no New Yorker Hotel, entre livros e revistas com as novidades da ciência, livros de poesia e correspondência com outros ilustres cientistas e com escritores célebres, como o amigo de longa data, Mark Twain.
Como invenções suas dos últimos anos, destacam-se vários equipamentos de electroterapêutica, tendo mesmo fundado uma empresa que (apesar da novidade para a época) conseguiu algum sucesso financeiro.
Com a teoria do físico francês De Broglie (1926) da natureza ondulatória e corpuscular da luz, posteriormente demonstrada por George Thomson (1937), Tesla interessa-se de novo pelo mais polémico dos seus “inventos”, o “Raio da Morte” (que havia testado, sem (aparente) sucesso, em 1908), como lhe chamou a imprensa, posteriormente por “Paredes de Luz” (que deveriam permitir a invisibilidade de um objecto) e mais tarde pelo “Teletransporte”.
Tesla chegou a escrever ao Presidente Americano para lhe pedir que assistisse a uma demonstração do “Raio da Morte”, tendo apenas recebido uma carta a agradecer mas declinar o convite.
Por esta altura, J. P. Morgan havia-se juntado à enorme campanha que Edison (entretanto falecido) iniciara para denegrir a imagem do inventor e era frequente a imprensa sensacionalista o apelidar de louco.
Em 1940, a famosa banda desenhada de Max Fleischer, apresentava o herói (o Super-homem) a lutar contra o Raio da Morte de um cientista louco que queria conquistar o mundo, de nome Tesla. Os seus colegas universitários gozavam-no nas colunas do “New York Times”, excepto um pequeno grupo que se correspondia com ele, quase anonimamente.
Tesla havia recusado, anos antes, apoios monetários que considerava miseráveis, provenientes de entidades oficiais americanas e vivia essencialmente de um subsídio concedido pelo Governo Jugoslavo e de algumas patentes que ainda não tinham caducado, bem como dos direitos da tradução para o Inglês, do (mais conhecido) poeta Sérvio, Jovan Jovanovic Zmaj.
A 7 de Janeiro de 1943, o FBI entra na suíte 3327 situada no 33º andar do New Yorker Hotel e (aparentemente) encontra Nikola Tesla (de 86 anos) morto. O corpo é levado, o quarto selado e todos os pertences confiscados ilegalmente, em nome da “segurança nacional”. Dias depois é indicada como causa da morte, uma paragem cardíaca e (alegadamente) o corpo é cremado, fazendo-se um funeral público, estranhamente com grande aparato.
Polémico e excêntrico em vida, não podia deixar de o ser, na morte. Existem várias testemunhas que afirmam que trabalhou para os militares, até finais dos anos 50, tendo desempenhado papel importante na estranha “Experiência de Filadélfia”, que oficialmente nunca existiu.
Durante 40 anos, vários tentaram em vão, apagar da história o nome de Nikola Tesla. Nos anos 80, o FBI divulgou uma parte dos documentos confiscados 40 anos antes e começaram a surgir vários investigadores da obra do génio, bem como (pelo menos quatro) biografias.
Tesla Possui actualmente uma estátua na sua terra natal e outra nas Cataratas de Niágara. Na comemoração dos 150 anos do seu nascimento (2006) a estação pública dos Estados Unidos (PBS) produziu um documentário de (curta) homenagem “Master of Lightning”. Os Sérvios colocaram a sua imagem nas notas de 100 dinares, deram o seu nome ao Aeroporto Internacional de Belgrado, e com as “suas” cinzas e os documentos disponibilizados pelo FBI, construíram-lhe um pequeno museu. Também os russos lhe construíram (com réplicas) um pequeno museu em Moscovo.
Aos poucos, os Norte Americanos vão perdoando a genialidade do homem que disse “Sou cidadão americano e estou grato ao país que me acolheu, mas acima dessa gratidão está o meu orgulho pela minha Croácia natal e pela minha educação e cultura Sérvia”.
Do muito que dele recentemente escreveram vários biógrafos, merecem destaque, os epítetos de J.J. O´Neil, “Tesla, o génio prodigioso” e, de Robert Lomas “Nikola Tesla, o homem que inventou o século XX”. Mas a mais célebre frase que lhe foi dedicada é de Mark Twain, “Nikola Tesla é o inventor dos sonhos”.
Registou 272 patentes em 25 países, mas viu muitas mais terem-lhe sido roubadas. Um biógrafo atribui-lhe cerca de 900 invenções, outro, mais de 1 200.
Excêntrico como Newton, multifacetado como Da Vinci, dedicado como Galileu, mais ou menos louco que qualquer mortal, Nikola Tesla pertence ao grupo restrito dos mais geniais entre Nós.
Apache, Agosto de 2007

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Nikola Tesla, O Mágico da Electricidade… (5)

Quebrada a parceria com George Westinghouse e sem electricidade para as suas experiências, Tesla atravessa sérios problemas financeiros. A campanha de Thomas Edison para o descredibilizar vai no auge. Westinghouse convenceu o governo a adoptar a corrente alternada nas cadeiras eléctricas, fazendo renascer o mito da maior perigosidade desta face à corrente contínua. Para ajudar ao descrédito, Tesla interpreta uns estranhos sinais recebidos por uma antena colocada no seu laboratório em Colorado Spings, como sendo sinais enviados por seres inteligentes de outros planetas, tal interpretação descredibiliza-o junto dos seus colegas universitários e muitos começam a considerá-lo louco. Tesla desmonta o laboratório, vende os equipamentos para pagar as dívidas e, a 7 de Janeiro de 1900, regressa a Nova Iorque.
Pouco depois da sua chegada regista mais duas patentes de aparelhos transmissores de energia sem fios, um deles, idêntico às actuais antenas de telemóvel, o outro, baseado no (agora) chamado “Efeito de Tesla” é a base das modernas armas electromagnéticas. Necessitado de fundos para a construção de um novo laboratório, Nikola convence o banqueiro, coleccionador de arte e industrial J. P. Morgan, à data, o homem mais rico dos Estados Unidos, a contribuir com 150 000 dólares (então, uma pequena fortuna) para a construção da Wardenclyffe Tower em Long Island. A torre, pensava Morgan, serviria para transmitir emissões de rádio para o mundo inteiro, mas descobriu rapidamente que afinal o objectivo era o fornecimento de energia gratuita, abandonando de imediato o projecto que nunca chegou a estar totalmente concluido. Aliás, a parceria com Morgan sofrera logo no início um duro revés, quando Nikola se recusou a casar com a filha do milionário, gorando as expectativas deste.
Para garantir a sobrevivência económica, Tesla volta-se de novo para os militares, conseguindo uma demonstração para as chefias. Apresenta de novo vários navios com controlo remoto, agora com comando de voz, mas uma vez mais os militares não reconhecem utilidade ao invento. Desesperado anuncia que consegue constrir uma arma que numa só tarde afunda uma poderosa armada, mas a única resposta que obtém são risos.
Dedica-se então ao aperfeiçoamento de grandes motores para navios. Constrói (em série) turbinas com 5 000 Cavalos de Potência que vende à Marinha Alemã para equipar os seus navios de guerra. Este contrato (financeiramente bem sucedido) termina com a entrada da Alemanha na Primeira Guerra Mundial.
Entretanto, em 1912 o nome de Tesla surge nas possíveis nomeações para o Nobel da Física, mas Tesla furioso com a Academia por 3 anos antes ter atribuido idêntico galardão a Marconi pela invenção do rádio, que na realidade foi inventado por Tesla, escreve para a Academia dizendo que se for nomeado recusará o galardão, a menos que sejam pedidas desculpas públicas pelo erro de 1909. O prémio iria parar às mãos de Nils Dalén.
Em 1915, A Real Academia de Ciências Sueca insiste, e os nomes de Nikola Tesla e Thomas Alva Edison surgem na imprensa como prováveis vencedores, "dividindo" o prémio. Edison diz que não partilhará o prémio com um seu antigo funcionário e Tesla deixa claro que ou a Academia repara erros anteriores ou jamais aceitará um Nobel. O galardoado foi William Bragg. (continua…)
Apache, Agosto de 2007