quinta-feira, 29 de abril de 2010

“Este país não é para corruptos”

“(…) Que Portugal é um país livre de corrupção sabe toda a gente que tenha lido a notícia da absolvição de Domingos Névoa. O tribunal deu como provado que o arguido tinha oferecido 200 mil euros para que um titular de cargo político lhe fizesse um favor, mas absolveu-o por considerar que o político não tinha os poderes necessários para responder ao pedido. Ou seja, foi oferecido um suborno, mas a um destinatário inadequado. E, para o tribunal, quem tenta corromper a pessoa errada não é corrupto - é só parvo. A sentença, infelizmente, não esclarece se o raciocínio é válido para outros crimes: se, por exemplo, quem tenta assassinar a pessoa errada não é assassino, mas apenas incompetente; ou se quem tenta assaltar o banco errado não é ladrão, mas sim distraído. Neste último caso a prática de irregularidades é extraordinariamente difícil, uma vez que mesmo quem assalta o banco certo só é ladrão se não for administrador. O hipotético suborno de Domingos Névoa estava ferido de irregularidade, e por isso não podia aspirar a receber o nobre título de suborno. O que se passou foi, no fundo, uma ilegalidade ilegal. O que, surpreendentemente, é legal. Significa isto que, em Portugal, há que ser especialmente talentoso para corromper. Não é corrupto quem quer. É preciso saber fazer as coisas bem feitas e seguir a tramitação apropriada. Não é acto que se pratique à balda, caso contrário o tribunal rejeita as pretensões do candidato. «Tenha paciência», dizem os juízes. «Tente outra vez. Isto não é corrupção que se apresente.»”
Ricardo Araújo Pereira, na “Visão” de hoje

terça-feira, 27 de abril de 2010

“Fundo perdido”

“Até 2013, velhinhos, reformados em geral, jovens com menos de 25 anos e criaturas com "dificuldades sociais, financeiras ou pessoais" dos países membros da UE verão as suas férias subsidiadas em 30%. A ideia nasceu no cerebelo do comissário europeu da Indústria e Empreendedorismo, Antonio Tajani, sob o argumento de que "viajar é um direito". Inês de Medeiros não diria melhor. Enquanto a mesquinhez de alguns burocratas recomenda restrição e poupança, a Europa ainda dispõe de visionários empenhados em inventar novos direitos. E o direito a passear pelo continente, que o nosso Governo se apressou a aplaudir, é um mero exemplo. Em breve talvez cada cidadão da UE venha a usufruir, mesmo que a 30%, do direito às trufas, ao Lexus, às cirurgias plásticas e às top-models de 18 anos, produtos que carecem de democratização e não deviam. Perante o génio do sr. Tajani, que quer levar "os europeus do Norte a conhecer as ofertas culturais do Sul e vice-versa" (na época baixa), os mesquinhos preocupam-se com quem paga as viagens. Eu prefiro alegrar-me com quem as recebe. É preciso um coração de pedra para não nos comovermos face à concretização iminente do velho sonho de cada português: visitar a Escandinávia. Temos milhares de cidadãos necessitados que passaram as vidas a amealhar setenta por cento das despesas inerentes a oito dias em Helsínquia. E milhares de idosos ansiosos pelos benefícios à moral e à artrite que só uma estadia na Dinamarca em pleno Novembro permite. Uma única dúvida. Imagino o que a Comissão Europeia entende por gente com dificuldades financeiras. Não imagino o que entende por gente com dificuldades "sociais" ou "pessoais". Psicopatas? Inadaptados? Meros malucos? Provavelmente não, já que esses trabalham quase todos em Bruxelas e Estrasburgo e estarão fartos de viagens.”
Alberto Gonçalves, no Diário de Notícias do passado dia 19 de Abril

sábado, 24 de abril de 2010

O homem sem memória

Mário Soares, na coluna de opinião semanal no Diário de Notícias dá um empurrãozinho aos fantasistas climáticos. Escreve o ex-dirigente Socialista: “A natureza, nos diferentes lugares da Terra, tem-nos trazido, sucessivamente, tsunamis, ciclones, maremotos, inundações, ventos ciclópicos, tremores de terra e, agora, erupções de vulcões, na distante Islândia, que paralisaram os aeroportos da Europa do Norte, e não só. Um espectáculo triste e nunca visto.” Nunca visto? Suponho que Mário Soares queira dizer que nunca observou fenómenos climáticos nem geológicos ao vivo, apenas pela comunicação social. Quem diria, para alguém tão viajado. Ou será que se lhe apagou a memória e esqueceu os milhares e milhares de fenómenos deste tipo, que nos últimos dez mil anos ficaram tristemente gravados na história da humanidade. Prossegue: “Para aqueles que já vivem há mais de oito décadas, como eu, e nunca viveram nem tiveram conhecimento de nada semelhante…” Ah… estamos perante uma declaração de absoluta ignorância. Só em erupções vulcânicas há mais de 4 mil relatos históricos, alguns, tristemente célebres pelos milhares de vítimas que causaram. Continua: “A ganância dos homens é capaz de prosseguir, em defesa dos seus interesses imediatos, sem sequer afectar as suas boas consciências, se as tiverem...” Finalmente uma frase com senso. Isto, caso fosse dirigida àqueles que em busca do lucro fácil, não olham a meios para atingir os fins e inventaram, primeiro o “aquecimento global”, agora as “alterações climáticas”, para sacar aos mesmos de sempre mais alguns milhares de milhões em impostos e taxas que sustentem a sua ganância desmedida e que, com total falta de ética e de sentido humanitário, tentam por todos os meios impedir o desenvolvimento económico e o bem-estar da larga maioria dos seus semelhantes. Remata: “Acredito que, no próximo encontro internacional ecológico, a verdade científica seja reposta e as grandes potências sejam obrigadas a respeitar as regras que visam limitar radicalmente o aquecimento global.” Saberá Soares que limitar radicalmente o aquecimento global é das coisas mais fáceis deste mundo, bastando para tanto, despedir os aldrabões da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia e do Instituto Goddard de Estudos Espaciais, e dissolver o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas? Sem falsificadores de dados de temperatura e inventores de teorias estapafúrdias que violem as leis científicas e não têm cabimento no mundo real, não há “aquecimento global”. Simples, não?
Apache, Abril de 2010

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Deve haver uma forma de taxar o gajo…

Milhões de toneladas de vapor de água, dióxido de carbono, dióxido de enxofre e cinzas, além de muitas outras substâncias, são diariamente lançadas para a atmosfera pelos mais de quinhentos vulcões activos do planeta. Nos últimos dias (talvez pelo elevado número de voos cancelados), o Eyjafjalla, um vulcão situado num dos mais pequenos glaciares da Islândia (o Eyjafjallajoekull) ganhou tal destaque na comunicação social, que ofuscou todos os outros, mostrando quão ilógico (e efémero) é o mediatismo, nos nossos tempos.

Apache, Abril de 2010

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Notícias fresquinhas do "aquecimento global" (2)

De acordo com um relatório do Instituto de Meteorologia (IM), datado de 7 de Abril, o mês de Março de 2010 foi, em Portugal continental, o (Março) mais frio dos últimos 24 anos. Quinze dias antes (a 24 de Março) o jornal inglês “Daily Mail” citava Alexander Frolov, director do Rosgidromet (o equivalente russo ao nosso IM), que afirmava que a parte europeia da Rússia registou, em 2009-2010, o Inverno mais frio dos últimos 30 anos. E que, apesar de ainda não terem sido analisados todos os dados disponíveis, na Sibéria, este pode ter sido o Inverno mais frio desde que há registos (os últimos 110 anos). A temperatura média da Sibéria ocidental foi, no Inverno que agora findou, de -23,2 ºC. Arkady Tishkov um destacado meteorologista russo afirma que “a Sibéria e na generalidade o planeta estão a arrefecer.” Entretanto, hoje (14 de Abril), quarta semana de Primavera no Hemisfério Norte e quarta semana de Outono no Hemisfério Sul, as temperaturas continuam, em muitos locais, a lembrar o Inverno. Summit, no coração da Gronelândia registou -41,1 ºC, Oymyakon, na Sibéria (que no passado dia 20 de Janeiro havia registado -57,4 ºC) registou -32,7 ºC, Eureka, no Canadá, ficou-se pelos -31,4 ºC. Na Antárctica, na estação americana de Amundsen-Scott (em pleno Pólo Sul) os termómetros desciam aos -73,1 ºC. Sendo que, neste continente, em seis estações meteorológicas foram medidas temperaturas inferiores a 70 ºC negativos.
Apache, Abril de 2010

sexta-feira, 9 de abril de 2010

“A utopia plausível”

“Gostei das posições da Confap, que garante representar os encarregados de educação, às alterações do estatuto do aluno. Se este espanca com regularidade os colegas, a Confap é contra a sua suspensão preventiva e, sobretudo, contra a "devolução" (sic) do fedelho a casa, mesmo que apenas por uns dias. Se o aluno excede o limite de faltas injustificadas, a Confap é contra a respectiva reprovação. No fundo, a Confap luta pela utopia de inúmeros pais contemporâneos: um Estado que lhes guarde as crianças sem as traumatizar com exigências. Após quinze ou vinte anos, o Estado devolveria as crianças intactas (física e mentalmente) à procedência, munidas de um diploma e aptas para o subsídio de desemprego, o rendimento mínimo ou um cargo associativo, de acordo com a inclinação de cada uma. É uma das utopias mais alcançáveis que conheço. Só falta as escolas fornecerem dormidas de modo a evitar que, também de noite, as crianças partilhem o tecto com os pais que tanto as amam.”
Alberto Gonçalves, no “Diário de Notícias” de 19 de Março

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O que é que os administradores da PT andam a tomar? (2)

“A PT sempre apostou na portugalidade. Sempre apostou na portugalização dos conteúdos.” [Zeinal Bava, administrador-executivo da Portugal Telecom perante a Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da República.] Constata-se (ao ver e ouvir, este e o vídeo do texto anterior) que a PT nunca apostou no fornecimento atempado das gotas… e o que se vê e ouve é este… “frituére”.

Apache, Abril de 2010

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O que é que os administradores da PT andam a tomar?

Há dias, Francisco Louça dizia que o ex-administrador da Portugal Telecom (PT), Rui Pedro Soares, ganhava 8 vezes mais que o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Muita gente deve ter ficado chocada com tal injustiça, afinal, quando Obama abre a torneira da parvoíce parece não ficar aquém do nosso “fraquinho no discernimento”. De facto, não se entende, Obama costuma gozar com 300 milhões de americanos, enquanto que o mais bem pago sócio do Futebol Clube do Porto, se fica por pouco mais de dez milhões e meio de portugueses, ainda que, com a insolência (é certo) de o fazer, por via indirecta, na cara dos deputados da Comissão de Ética, Sociedade e Cultura, da Assembleia da República. Mesmo assim, e admitindo que um Português valha por uns dez americanos, não me parece que se justifique a discrepância. Para quem ainda não viu, fica o vídeo de parte da intervenção de Rui Pedro Soares.

Apache, Abril de 2010