segunda-feira, 31 de maio de 2010

Mais uma aventura… para a colecção

“No exacto dia em que se anunciaram "cortes" na educação em nome da austeridade e em que uma comissão de inquérito concluiu que as encomendas do Magalhães foram ilegalmente atribuídas à empresa que o embrulha e vende, a Dra. Isabel Alçada tirou as devidas ilações e agiu em conformidade: garantiu a encomenda de mais computadores à JP Sá Couto e prometeu o Magalhães aos alunos dos primeiros anos lectivos em Setembro próximo, no máximo. No dia seguinte, ainda procurei nos jornais um desmentido ou uma errata. Nada. A errata somos nós.”
Alberto Gonçalves, no “Diário de Notícias” da passada sexta-feira

domingo, 30 de maio de 2010

O “Socratismo” e o Efeito Borboleta

“Há ainda quem acredite que o socratismo é a consequência aleatória do bater de asas de uma borboleta na China e não o resultado de um planeamento e execução sistemáticos e firmes do exercício cruel do poder...”
António Balbino Caldeira, do blogue “Do Portugal Profundo”

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Desigualdades

“Se um cavalheiro anónimo barricar a entrada de um estabelecimento comercial, é provável que acabe nas páginas dos jornais devotadas ao crime ou aos distúrbios psiquiátricos (secção que os jornais normalmente não têm mas que, nos dias de hoje, deviam ter). Se um bando de cavalheiros da Greenpeace fizer exactamente o mesmo, acaba nas páginas da ecologia.”
Alberto Gonçalves, no “Diário de Notícias”, de ontem (25 de Maio)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Blá, blá, blá… (2)

Diz Mourinho: “Até tenho vergonha de ganhar o que ganho, com esta crise”. Não vejo o que o impede de pegar em 50% do seu ordenado e oferecê-lo a instituições de beneficência, ou melhor ainda, de investir o seu dinheiro na criação de emprego. A menos que Mourinho seja, apenas, mais um demagogo envergonhado.
Apache, Maio de 2010

domingo, 16 de maio de 2010

A responsabilidade dos irresponsáveis

“Hoje, [refere-se ao passado dia 11 de Março] mais uma vez, o ministro Teixeira dos Santos ousou utilizar a palavra "responsabilidade" perante o Parlamento e em referência a um partido da oposição. Sem que ninguém se escandalizasse. Sem que ninguém o chamasse à ordem. Se Teixeira dos Santos falou em nome do Partido Socialista, enganou-se: os partidos da oposição não respondem perante o partido do governo, mas sim perante os eleitores. Como o partido do governo, de resto. Se falou em nome do governo, também se enganou: não é o Parlamento que é responsável perante o governo, mas sim o governo perante o Parlamento. É espantoso que um órgão de soberania declare expressamente, poucos dias depois de tomar posse, que se reserva o direito de violar a seu bel-prazer os termos do mandato que o Soberano lhe conferiu. É espantoso ouvi-lo declarar que não presta contas a quem as deve porque tem que as prestar a quem as não deve: à Comissão Europeia, ao FMI, ao BCE, aos mercados, às agências de notação financeira, ao diabo a quatro. É espantoso que peça responsabilidade à oposição no preciso momento em que ele próprio se declara irresponsável. É espantoso que um governo não entenda que ao descartar a sua responsabilidade perante os eleitores está a abdicar da legitimidade que estes lhe conferiram. É espantoso. É lamentável. É vergonhoso. E é, isto sim, irresponsabilidade a sério.”
José Luís Sarmento, do blogue “As minhas leituras”

sábado, 15 de maio de 2010

A recessão sou eu!

No “Expresso” de hoje lê-se que o “medo da recessão obrigou Sócrates a alterar acordo.” A notícia refere-se ao facto de Sócrates não ter aumentado o IRC às PME´s, pelo menos àquelas cuja facturação não exceda os dois milhões de euros por ano. O título da notícia não deixa, no entanto, de ser manhoso, isto porque dá a ideia de que as medidas agora tomadas pelo Governo, com a bênção do “fraquinho no discernimento” que lidera o PSD são necessárias para impedir a recessão, quando na realidade elas são fundamentais para manter viva a chama da recessão. Julgo que o título mais correcto seria: medo da perda de medo da recessão obrigou Sócrates a tomar medidas que conduzam a essa mesma recessão. Senão vejamos, a recessão caracteriza-se por uma: redução dos salários, redução do consumo, redução da produção, redução do crescimento económico. Ora, no último trimestre, o PIB, segundo números provisórios, divulgados esta semana pelo INE, subiu 1%, significando que a recessão técnica (dois trimestres seguidos de decréscimo do PIB) estava (para já) afastada. Ao aperceber-se disso, o Governo (com a cumplicidade do maior partido da oposição) decide aumentar o imposto sobre o trabalho (IRS) e sobre o consumo (IVA). Com menos dinheiro disponível para comprar e produtos mais caros, o consumo reduz-se e o excedente faz diminuir a produção. Considerando ainda o aumento do IRC, a tendência será a das empresas despedirem mais trabalhadores e o crescimento económico cair a pique. Em termos mitológicos estamos a assistir à criação artificial (por imposição legal) do papão recessão. Em termos práticos, apenas a mais uma tentativa de destruição da já débil economia nacional.
Apache, Maio de 2010

quinta-feira, 13 de maio de 2010

À deriva

“O primeiro-ministro anunciou no final de Conselho de Ministros de hoje as novas medidas para redução do défice do Estado, onde se cria uma taxa adicional de IRS de um a 1,5 por cento, e de IRC de 2,5 por cento, para as empresas com lucros acima de dois milhões de euros.” Não aumento os impostos. Aumento os impostos. Não aumento os impostos. Reduzo os impostos. Não aumento os impostos. Aumentos os impostos. Incoerente, eu? Não. Simplesmente um mentiroso, à deriva.
Apache, Maio de 2010

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Burros há muitos...

"Há tantos burros mandando em homens com inteligência, que as vezes fico pensando se a burrice será ciência." Ruy Barbosa

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Devido ao “aquecimento global”, o nível do mar pode subir 5 cm nos próximos mil anos

De acordo com um estudo publicado na semana passada, na Geophysical Research Letters, uma equipa de cientistas liderados por Andrew Shepherd da Universidade de Leeds (Reino Unido) concluiu que devido ao derretimento dos gelos flutuantes do Árctico e do Antárctico, o nível do mar pode subir 49 micrómetros por ano (sensivelmente, a espessura de um cabelo). O Princípio de Arquimedes permite concluir que a água resultante da fusão do gelo marinho ocupará o espaço deixado pelo gelo, não resultando daí qualquer alteração de volume. Mas a equipa liderada por Shepherd diz que não é bem assim, pois a água do mar é mais quente que o gelo e mais densa, devido ao sal, garantindo que a observação dos dados dos satélites e o uso de uma simulação de computador permitiram-lhe concluir pela subida do nível do mar, em 49 micrómetros por ano. Shepherd parece desconhecer três coisas importantes: a primeira é que os satélites não mostram (actualmente) uma diminuição do gelo marinho, como comprova a imagem de satélite abaixo, que mostra o gelo do árctico (ontem), sensivelmente no valor médio (representado pela linha preta);

[Clique na imagem para ampliar]

A segunda é que se a água do mar não fosse mais quente que o gelo este não derreteria (estariam ambos em equilíbrio térmico), no entanto, em volta do gelo, a água não será significativamente mais quente que ele e a máxima densidade (a que corresponde o menor volume para a mesma massa) da água é a 4 ºC, pelo que, se depois do gelo derretido, a água do local não ficar a temperatura superior a 4 ºC não há nenhum aumento de volume; A terceira é que as águas de superfície são menos salinas que as de profundidade, e próximo dos pólos, precisamente devido às grandes quantidades de gelo que derrete todas as Primaveras e Verões são praticamente doces. De qualquer forma, é interessante constatar-se que Al Gore começou a prever (há uma década) uma subida do nível do mar, de 6 metros, nos próximos cem anos, pelo que, o meio centímetro agora previsto por este estudo (4,9 centímetros, em mil anos), só pode ser encarado com um sorriso.

Apache, Maio de 2010